quarta-feira, 2 de maio de 2012

Dédalo e Ícaro


Dizia-se que antigamente havia em Atenas um hábil artista e artesão chamado Dédalo, o qual destacava-se tanto nessas duas artes, quanto na arquitetura e nas invenções. Esses dons trouxeram prosperidade à cidade na época, além de despertar a admiração de vários cidadãos atenienses. Contudo, como quanto maior a luz maior a sombra, quanto maior a admiração, maior também a inveja.

O inventor possuía um sobrinho chamado Talos, tão inteligente quanto ele. O garoto tinha grande interesse pelas invenções feitas pelo tio, e cuidava de produzir as próprias. Certo dia, havia chegado na oficina e mostrado a Dédalo uma serra de metal, instrumento que ele havia criado para partir a madeira ao meio, deixando seu tio orgulhoso.

Porém certa vez, quando passeava com seu sobrinho pela Acrópole, algo aconteceu. À beira de um precipício Talos tropeçara e perdera o equilíbrio, despencando para a morte. Nesse momento, todos aqueles que haviam ficado com inveja do trabalho de Dédalo começaram  a acusá-lo de homicídio, e pediam a pena de morte para ele. Como eram homens com influência, conseguiram apenas parte do pedido, fazendo com que Dédalo fosse exilado da cidade.

Andando sem rumo, o inventor acaba por chegar a Creta, região a qual estava sob o poder do tirano rei Minos. O rei, o qual já havia visto os vários templos atenienses feitos por Dédalo, ficara sabendo que o inventor estava na região, e oferecera hospitalidade a ele. Foi na época que o inventor teve Ícaro, com uma mulher chamada Náucrate, a qual morrera quando o filho ainda era criança.

Desde pequeno, Ícaro interessara-se pelas artes dominadas por seu pai, e após profissionalizar-se nelas, passara a ajudá-lo em sua oficina, possuindo participação inclusive na construção do labirinto de Creta.

Nesse labirinto estava aprisionado o minotauro, monstro filho da rainha Pasífae com um touro, uma punição de Poseidon infligida a Minos. Após dominar Atenas, o tirano determinara que fossem enviados para o labirinto sete casais de jovens, como tributos ao minotauro.É só após a chegada de Teseu que o monstro é morto, pois com a ajuda de Ariadne, a qual pedira socorro a Dédalo, Teseu consegue entrar e sair do labirinto.

Ao saber que seu monstro havia sido morto, Minos trancafia o inventor e seu filho no labirinto, para que lá morressem. Após ter a notícia de que Minos estava guardando os mares, Dédalo conclui que o único modo de escapar seria pelos ares. Assim, ele e seu filho passam a coletar as penas que caíam no chão do labirinto, e fixá-las com cera.

Antes de começarem sua viagem, Dédalo adverte o filho a não voar alto demais, senão o sol derreteria a cera, e a não aproximar-se demais do mar, o que faria com que as penas molhassem. Assim, pai e filho alçam voo, deixando todos da região que os viam estarrecidos, achando que eram deuses passeando pela Terra.

Porém, a certa altura do voo, Ícaro sobe muito alto nos céus. Seu pai tenta gritá-li, mas o vento leva suas palavras para longe. Ele não percebe que a cera entre suas penas começa a derreter, e quando se dá conta do que estava acontecendo, já estava em seu caminho rumo à morte no mar. Seu pai, com um grande esforço de suas penas, tentara pegá-lo no ar, muito tarde. Ícaro já estava sendo conduzido por Tânatos até o Hades. Com dificuldade, Dédalo conseguira carregar o corpo morto do filho até terra firme, e sepultá-lo.

Após esse trágico acontecimento, Dédalo é acolhido pelo rei Cócalo e suas filhas. Minos, que estava procurando o inventor, não mediu esforços nem distância para ir atrás dele. Com uma concha que fora presente de Tritão, ele perguntava em todos os reinos se alguém era capaz de passar um fio na concha. Só quando chegou à Sicilia, terra a qual estava sob o domínio do rei Cócalo, que ele teve seu problema resolvido. Dédalo, ainda escondido, conseguira passar a linha amarrando-a em uma perna de formiga e colocando mel do outro lado da concha, de modo que para conseguir o doce, a formiga teria que passar por dentro da concha e achar sua saída.

Minos acusa Cócalo de estar escondendo Dédalo, e pede que ele devolva o inventor. O rei disse que iria atender seu desejo, porém, por pressão por parte de suas filhas e do povo, o rei fica em dúvida. Chamando os conselheiros reais, ele pergunta o que fazer ao rei. A resposta logo veio e, durante um banho de Minos, foram nele despejados caldeirões de água fervendo, matando-o instantaneamente. Após sua morte, Minos tornou-se um dos juízes dos mortos. Dédalo morrera em Atenas, seu lar.

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